Para especialistas reunidos no segundo dos Fóruns Estadão Brasil 2018, é preciso repensar o papel das polícias civil e militar, as penas de prisão e a abordagem ao consumo de drogas.
Durante a manhã da última sexta-feira, 23 de maio, especialistas reunidos pelo Estado, em parceria com o Insper, discutiram os rumos da segurança pública no Brasil e no mundo no segundo encontro da série Fóruns Estadão Brasil 2018. Entre as principais conclusões, a necessidade urgente de repensar os valores nos quais se baseia a política do setor. Um exemplo: é preciso reduzir o tempo que condenados passam na prisão, não o contrário.
Da mesma forma, houve unanimidade na avaliação de que a propalada “guerra às drogas” e a atitude de tolerância zero em relação ao tráfico e ao uso de drogas fracassaram: o consumo mundial de cocaína aumentou. Foram apontados exemplos bem avaliados de legalização parcial de maconha em alguns estados dos EUA e evidências de que os custos do combate ao tráfico só mudaram de país. O Plano Colômbia, baseado em repasses do governo norte-americano para a erradicação de plantações de coca, “se provou ineficaz e custoso”, segundo o colombiano Daniel Mejía, especialista internacional no tema.
As penas alternativas, nas quais os condenados não vão para a cadeia, foram consideradas mais adequadas para delitos leves. “Não tenhamos a ilusão de que vamos diminuir a violência aumentando a progressão da pena”, disse Theo Dias, da escola de direito da Fundação Getúlio Vargas. A unificação das polícias civil e militar é uma necessidade urgente. Para os especialistas, o trabalho conjunto, com base em dados de inteligência, é uma das maneiras de reduzir a violência.